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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Folhetim - Sonho de sorte - 17

          Fernando recomeçou a conversa quando iniciavam o pequeno almoço:
             - Falta qualquer coisa...Falta contares...
             - Ah!...Já pensava que não tinhas interesse...- e, recolhendo as chávenas e os pratos, foi dizendo:
             - O homem veio com a mesma lenga-lenga, disse-me o que te tinha dito a ti...Mas, com duas diferenças...
            - Quais, quais? - Interrogou Fernando, sorrindo e demonstrando grande curiosidade.
            - É que agora não é na lotaria mas no totoloto...E a outra diferença é que agora o prémio vai ser bem menor, cem contos, se cumprires as mesmas regras.
            - Mas êle tambem te impôs as mesmas regras?
            - Tintim por tintim, as mesmíssimas...
            - Como disse o Carlos, o homenzinho é um completo sovina...E então no totoloto...Não compro isso!
            - Ai! Agora não! Se não compras tu, sou eu que vou jogar...Cem contos são sempre cem contos, agora quero eu ver o que acontece...

          Saíram juntos e, no quiosque na esquina, Julia pagou duas apostas do totoloto, enquanto Fernando lia, distraido, os títulos diversos dos jornais do dia.
          Julia guardou as apostas e encostou-se ao marido com um sorriso carinhoso e, enquanto lhe metia sub-repticiamente uma das apostas num dos bolsos exdteriores do casaco, foi dizendo para o marido:
              - Sempre quero ver  se eu ganho os cem contos...

                                                                VII

          Numa noite, depois do jantar e dos costumados telefonemas para os amigos, sentaram-se na sala para ver e escutar o noticiário da noite na televisão. Estava a findar o sorteio do totoloto. Julia, procurando na mala a aposta comprada, depois de a ver, disse para o marido:
              - Nada, nem acertei num só número!
              - Contigo o prémio do sonho não saíu - comentou Fernando, trocista - ainda por cima o homenzinho do sonho não gosta duma mulher tão bonita, não tem bom gosto! - Mas Julia interrompeu-o:
              - Olha lá, e se tu tivesses prémio? O que êle me disse foi qe tu e não eu, irias ter um prémio de cem contos no totoloto...
              - Como ter um prémio? Só pode ganhar quem joga e eu, como sabes, não compro totoloto..
              - Não compraste mas comprei eu, ofereci-te uma aposta, daquelas que a máquina fornece ao calhas...- disse Julia com ar comprometido.- Ora vê no casaco, puz num dos bolsos a aposta, podes ter algum prémio...       
    ( continua )
  

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