- E se fôssemos andar um pouco por Sintra? Julia, vamos àquele palácio nacional, o Paço de Sintra, onde nos conhecemos e começámos a namorar?
Todos concordaram com a visia, o palácio não ficava longe, as duas grandes chaminés geminadas e cónicas bem à vista.
Percorreram as grandes salas do palácio, admirando as paredes forradas daquela extraordinária azaulejaria com mais de cinco séculos.
Carlos era o guia turístico de serviço, uma vez mais dando provas da sua memória:
- Dom Diniz decretou que os responsáveis pela conservação do Paço de Sintra seriam os mouros forros de Colares - disse ao sairem da última sala - E propôs:
- Vamos agora tomar um café aqui ao lado, o vosso guia paga.
Entretanto , quando se levamtavam para sair, um cauteleiro aproximou-se:
- Há horas de sorte, são os últimos dois bailhetes, são vinte mil contos!
Carlos segurou o braço da Laura e disse para Fernando, que parecia distraido:
- Fernando, olha quem aqui esá, o cauteleiro que te vendeu o tal bilhete da confusão dos vinte mil contos - e Fernando petrificado, voltou-se para encarar o homem e disse:
- Oh senhor cauteleiro, lembra-se de me ter vendido um billhete? Um que parecia ter o mesmo múmero do primeiro prémio nessa semana?
- Ah! Já sei, o mil trezentos e vinte e seis, vendo esse número todas as semanas, mas hoje não o posso servir, só me resta o catorze mil novecentos e vinte e cinco e o quinze mil e trinta e um. - E Fernando, para Julia, que assistia divertida:
- Julia, que dizes?
- Olha querido, compra, compra, vamos ver se o tipo dos sonhos não te faz comprar outra vez um bilhete com os números trocados! - E Fernando pegou no bilhete catorze mil novecentos e vinte e cinco.
- Agora tambem vou eu comprar lotaria, vamos ver quem tem mais sorte. - Disse Carlos, recolhendo e pagando o outro bilhete.
No regresso, Laura, inconformada, comentou:
- Carlos, parece que tambem te apareceu o homenzinho dos sonhos!
- Tenho esperança que me apareça, se me contemplar com alguma sorte, Laura, dado que somos casados com comunhão de bens, agarras logo a tua metade. Se tiver prémio, fica descansada que não o oferecerei.
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Por vezes é salutar dizer pára! Mesmo que continues a andar, pára! Deixa esse manto de sensações que te rodeia como invólucro peganhento. Pára! abstrai, pensa no que te fica dentro. Mesmo que continues a andar. O mais dfícil é o primeiro minuto, E esse teu eu profundo começará a sorrir-te, não com o teu rosto mas com revelações das primeiras migalhas de serenidade.
( continua )
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