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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sonho de sorte - 8

Laura, nascida em Lisboa, em setembro de 1969, casada com Carlos após terminar o curso de economia. Morena, de cara e corpo trigueiros, cabelo curto, frisado, natural, em pequenas ondas, herança de antepassados angolanos. Brilhavam-lhe os olhos castanhos, que sobressaiam num rosto bonito. Sobrancelhas estreitas que se elevavam sempre que ouvia um comentário cáustico e ordinário ou se sentia incomodada sem razão, desagradada pela atitude ou pelas palavras de quem lhe falava. Quase sempre alegre, sempre disposta para sorrir, adorando espicaçar o marido e os amigos se a conversa o proporcionava.
A maior amizade estableceu-a com júlia, desde a universidade. Casadas no mesmo ano, participaram em muitas manifestações e comícios, inscrevendo-se em partidos políticos de ideologia oposta. Laura e o marido acreditando mais na social-democracia, enquanto Júlia e Fernando se inclinavam para um partido centrista. Os dois casais encontravam-se quase todos os dias, raro o domingo em que não almoçavam no mesmo restaurante, acompanhados pelos filhos e por vezes pelos pais. Travavam discussões e proferiam comentários sobre a política vigente, o que nem sempre contituia o prato forte das conversas no restaurante ou fora dele.

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A amizade não se establece, não nasce por acaso, por querer, nem à primeira vista, por "coup de foudre" ou por um "flechazo". Não tem lugar para se encontrar nem hora marcada para começar. De um amigo nunca desconfiamos, raras são as reticências, os equívocos, as ambiguidades, os segredos.
A amizade, ao contrário da saudade e do amôr, não se esbate nem se destroi com a distância nem com o tempo. A amizade permite a censura, induz à reflexão, permite sempre e sem zanga, a contradição, a discordância, a polémica.

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